Quando já perdemos muitas partes essenciais de nós, somente a certeza de que há um propósito em tudo, uma linha, invisível, condutora de nossa caminhada terrena nos mantém vivos e participantes.
Todos, creio, viemos com uma missão, que não é óbvia, mas se olharmos, atentamente, para nossa história de vida, às diferentes atribulações e conflitos, para nossos ofícios, e relacionamentos, para a tônica e dinâmica de nossa vida, podemos ter uma vaga ideia.
Com certeza, vim para ser meio, conduto para expressar sentimentos, seja através da dança e do piano, enfim da música, minhas formas de expressão, quando pequena; do ensino e compartilhamento de meu saber, quando adulta; depois, quando na minha aposentadoria, na pousada, através da socialização com meus hóspedes e inquilinos; na velhice, através da escrita apesar desta ter feito parte de minha vida desde pequena pois gostava de escrever cartas e manter um diário. Se eu olhar para o todo eu vim para me comunicar, para repassar o que vai em meu interior.
Ao longo destes meus 78 anos de vida, e sou grata por ter chegado aqui, perdi muitos dos meus amores, e muita coisa material. Ganhei outras. As únicas perdas, insubstituíveis, foram meus entes amados. Ganhos relevantes foram mais tranquilidade para aceitar os trancos e mais sabedoria para não brigar tanto com a vida. Só deixar ela acontecer!
Sem meu trabalho e minhas viagens, que expandiram meus horizontes e derrubaram meus preconceitos, não teria chegado aqui. Todos precisamos de válvulas de escape para nossas dores e inquietações. Através das coisas que amamos, conseguimos conhecer-nos melhor, desenvolver uma melhor aceitação das diferenças e um olhar amoroso e compassivo para com os demais.
Cida Guimarâes
31/12/24
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