terça-feira, 10 de dezembro de 2024

A Dor do Outro!

 
Quando parece que já vivemos tudo, novas situações, novos acontecimentos, demonstram-nos que não, e que ainda podemos nos surpreender, chocar,  entristecer e  questionar sobre nós mesmos, os outros, a vida e o porquê do que  ocorre-nos. Mil perguntas, suposições, nenhuma certeza ! 

Sim, a vida nunca é previsível. Há que lidar com  ambiguidades, e com a única certeza absoluta  de que somos todos finitos e que tudo se dilui, se perde, e se funde nesta verdade, que é nossa temporaneidade, nossa breve passagem por este mundo de provas e privações.

Restam muitos questionamentos:  O que levaremos conosco? O que ficará de nós?  Terá valido a pena? Perguntas, sem respostas pois precisaríamos ser  capazes de acessar  nossa pós- morte ou será nossa pós vida(?)para termos esta dimensão.

Todos este questionamentos tiveram como estopim ver meu filho convulsionar  por quatro vezes seguidas, e eu me sentindo impotente e desorientada para lidar com uma quase-morte. Já vi a morte muito de perto, por várias vezes, e eu não a temo. Só peço a meus anjos protetores que seja rápida, que não me deixe agonizando de forma que precise que outros me cuidem e sofram junto comigo.
Quando se trata de um filho amado, que já não tem mais possibilidade de cura, apesar de meu grande amor,  minhas orações são para que  Deus amenize e encurte seu sofrimento pois sua vida já não é mais vida, só uma sobrevida,  em meio a muita dor.  

Deve, entretanto, haver um propósito para tanto sofrimento. Nada é por acaso.  Provavelmente,  há penas a serem expiadas, há lições a serem aprendidas, há um roteiro a ser cumprido e o final virá quando as etapas tiverem sido finalizadas. Apesar deste meu entendimento, não fico tranquila, em paz. Meu coração chora a dor de minha impotência  em minorar a dor do filho e minha  incapacidade de entender as razões e papéis  a serem desempenhados.

Há  que ter empatia! É possível, realmente, colocar-nos no lugar do outro, ter uma dimensão do que o outro sente, o que ocorre em seu interior, sentir a mesma dor? Óbvio que não. Por mais que busquemos entender e estar solidários só temos uma pálida ideia do que o outro sente. Não somos os mesmos, não temos a mesma história, o mesmo retrospecto,e nossa percepção será sempre distinta.

Há que seguir!  Apesar de considerar o processo  doloroso, consolida-se minha visão atual contra  a eutanásia. Não podemos encurtar, abreviar a vida por mais dolorosa que a mesma seja. Há que  viver, cada momento, cada segundo,  que nos é dado, buscando  fazer nosso melhor. Estar vivo é uma dádiva  e temos que cumprir nossa missão. 

Cida  Guimarâes
 11/12/2024

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