Quando parece que já vivemos tudo, novas situações, novos acontecimentos, demonstram-nos que não, e que ainda podemos nos surpreender, chocar, entristecer e questionar sobre nós mesmos, os outros, a vida e o porquê do que ocorre-nos. Mil perguntas, suposições, nenhuma certeza !
Sim, a vida nunca é previsível. Há que lidar com ambiguidades, e com a única certeza absoluta de que somos todos finitos e que tudo se dilui, se perde, e se funde nesta verdade, que é nossa temporaneidade, nossa breve passagem por este mundo de provas e privações.
Restam muitos questionamentos: O que levaremos conosco? O que ficará de nós? Terá valido a pena? Perguntas, sem respostas pois precisaríamos ser capazes de acessar nossa pós- morte ou será nossa pós vida(?)para termos esta dimensão.
Todos este questionamentos tiveram como estopim ver meu filho convulsionar por quatro vezes seguidas, e eu me sentindo impotente e desorientada para lidar com uma quase-morte. Já vi a morte muito de perto, por várias vezes, e eu não a temo. Só peço a meus anjos protetores que seja rápida, que não me deixe agonizando de forma que precise que outros me cuidem e sofram junto comigo.
Quando se trata de um filho amado, que já não tem mais possibilidade de cura, apesar de meu grande amor, minhas orações são para que Deus amenize e encurte seu sofrimento pois sua vida já não é mais vida, só uma sobrevida, em meio a muita dor.
Deve, entretanto, haver um propósito para tanto sofrimento. Nada é por acaso. Provavelmente, há penas a serem expiadas, há lições a serem aprendidas, há um roteiro a ser cumprido e o final virá quando as etapas tiverem sido finalizadas. Apesar deste meu entendimento, não fico tranquila, em paz. Meu coração chora a dor de minha impotência em minorar a dor do filho e minha incapacidade de entender as razões e papéis a serem desempenhados.
Há que ter empatia! É possível, realmente, colocar-nos no lugar do outro, ter uma dimensão do que o outro sente, o que ocorre em seu interior, sentir a mesma dor? Óbvio que não. Por mais que busquemos entender e estar solidários só temos uma pálida ideia do que o outro sente. Não somos os mesmos, não temos a mesma história, o mesmo retrospecto,e nossa percepção será sempre distinta.
Há que seguir! Apesar de considerar o processo doloroso, consolida-se minha visão atual contra a eutanásia. Não podemos encurtar, abreviar a vida por mais dolorosa que a mesma seja. Há que viver, cada momento, cada segundo, que nos é dado, buscando fazer nosso melhor. Estar vivo é uma dádiva e temos que cumprir nossa missão.
Cida Guimarâes
11/12/2024
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