2022, vem sendo um ano difícil, e acredito, não só para minha família, mas para nosso país, e para o mundo: guerras, conflitos, doenças, catástrofes; um ano de dolorosas perdas, e a cada uma, parece que revivemos a anterior, que se expande e nos engolfa.
Quando parece que estamos enxergando uma luz, que vai sair o sol, vem novo turbilhão, e arrasa tudo. Torrente incessante de lágrimas. Conforme o ditado, "A Terra é um mar de lágrimas". Natural, considerando que vivemos em um mundo de penas e expiações, mas estes são lugares-comuns, distantes, aos quais não nos prendemos até que a realidade nos atinja, e nos force a encarar o que, então, vira verdadeiro para nós.
Choramos, pelos que se vão, mas também, por nós, pelo que perdemos; choramos o fluxo incessante da vida, que vai mudando tudo, tirando tudo de lugar, arrasando nossas certezas, tirando nossos esteios, e nos jogando de cara para um futuro que se avizinha, a nossa finitude. Sim, é tão difícil entender o paradoxo de nossa existência!
Tanta luta, tanto esforço, tantos desentendimentos, para quê? Não vamos levar nada daqui, e logo seremos pó, e tudo aquilo que, para nós, era fundamental, vai ter deixado de existir. E nós? Talvez, em alguns poucos corações, permaneçamos como uma lembrança amada, em outros, esmaecida, senão esquecida.
O que vale a pena, então? Acredito que os amores, os afetos reais, que permanecerão aquecendo nossos corações; as experiências vividas, e as lições aprendidas. Somos, hoje, pessoas distintas? Podemos olhar no retrovisor e estranhar atitudes, decisões, que hoje, nos parecem pertencer a outra pessoa, a um ser que não existe mais?
Se isto for real, terá valido a pena o caminho percorrido porque teremos evoluído, e seremos versões melhores de nós mesmos. Não acabadas, perfeitas, mas melhores, e teremos que agradecer à Vida, às nossas perdas, e lições de Vida. Sim, hoje, no dia do Professor, e sendo um, sei não haver melhor mestre que a experiência vivida. A teoria pode somente iluminar a prática, e nunca o oposto. Precisamos sentir, nos apropriar da questão para então poder entender e, quem sabe, aprender, e depois ensinar para também aprender.
Cida Guimarães
15/10/22
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