Tudo é finito, e está em constante mudança, incluindo nossa opinião, que é distinta quando somos nós, que estamos no centro de um problema!
É tão fácil emitir pareceres, julgamentos, quando se trata dos outros. Ficamos distantes, protegidos. Há como que uma blindagem, que evita o sentir, entrar no âmago da questão, e aí julgamos, damos conselhos, somos os donos do saber.
Venho me questionando muito sobre algumas de minhas opiniões, já emitidas, sobre assuntos diversos, e controversos: doenças terminais, eutanásia, cuidadores, outros...
Venho mudando meu entendimento. É bom mudar!
Sou favorável a sermos donos de nossas vidas, ter o direito de escolha, livre arbítrio, e absolutamente contra manter, artificialmente, uma pessoa desenganada, através de tubos/ equipamentos. Sempre pedi ser agraciada com uma morte rápida, sem sofrimento. Temos que ser muito abençoados para ganhar este prêmio. Entretanto, quando vemos um ser amado sofrendo, nestes momentos dolorosos, só queremos minimizar a dor, e fazer o possível, e até mesmo, o impossível para reter nosso ente querido por mais um tempo, por curto que seja, entre nós. Queremos evitar a perda , que é muito dolorosa.
Lidamos muito mal com perdas; estas, entretanto, são nossas únicas certezas. Nada nem ninguém é permanente, sendo a impermanência, a única constante; não conseguimos lidar com este fato, com a naturalidade que deveríamos; o desespero de sermos impotentes face a finitude, nos joga no chão.
Que importa nesta hora nossos títulos, conhecimento, propriedades, dinheiro?
Somos somente grãozinhos, prestes a se desintegrarem, e só o que fica são os afetos que criamos, os corações que tocamos.
Então, se perdemos alguém muito jovem ou muito velho, se estava são ou doente, não faz a menor diferença pois a dor é gerada pelo amor e carinho compartilhado, a importância da pessoa em nossa vida, a falta que nos fará, e tudo que já não mais será compartilhado.
A presença física, o cheiro, o toque, o carinho, a possibilidade de realizar sonhos já imaginados, criar novas lembranças, compartilhar planos, brincadeiras, experiências já não serão possíveis. Permanecerão somente as lembranças dos momentos passados, tenham sido eles felizes, tristes, bons ou ruins; não importa, pois serão eternos em nossa finitude.
Cida Guimarães
22/08/22
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