O que são mentiras brancas? Existem as pretas? Revendo esta postagem , acredito que, hoje, já não devemos utilizar o termo mentira branca pois não é politicamente correto. Como se o branco fosse bom e o preto ruim. Linguagem carregada de pré-conceitos.
Uma mentira pode ser boa? Para quem?
Esta história de mentira branca tenta justificar aquelas mentirinhas bondosas, que procuram mudar a realidade, preservar o outro, ou achar uma forma mais fácil para si mesmo de contar algo não abonador. Uma mentira nunca é positiva. Ela acaba prejudicando tanto o que conta como o dito beneficiário. Custei muito a me livrar desse hábito triste de mentir, ou distorcer os fatos. Em casa, isto ocorria, com frequência, o que me confundiu e atrapalhou muito.
Havia visitas, que mamãe não queria receber, e dizia: "Diz que eu saí". Me envolvia em sua mentira. A pior, que me lembro, foi quando fiquei doente com pleurite, e tinha que falar estar com problemas de tireoide. Não entendia na época com 11 para 12 anos o porquê. O problema era o preconceito, na época, com a tuberculose, então de difícil tratamento. Em cada época uma doença é maldita. Sempre o preconceito ou a preocupação com a opinião dos demais.
Havia gastos, coisas pequenas, que também minha mãe escondia do papai, que era mais pé no chão, e encarava a realidade. Não há aqui uma crítica a minha mãe, muito importante, amei, e vou amar, sempre; possuidora de qualidades admiráveis, mas ninguém é perfeito, e este era um problema originário de uma criação/ relação equivocada, de preconceitos e falsos valores arraigados.
Havia gastos, coisas pequenas, que também minha mãe escondia do papai, que era mais pé no chão, e encarava a realidade. Não há aqui uma crítica a minha mãe, muito importante, amei, e vou amar, sempre; possuidora de qualidades admiráveis, mas ninguém é perfeito, e este era um problema originário de uma criação/ relação equivocada, de preconceitos e falsos valores arraigados.
O hábito de mudar, transformar e nunca contar a verdade, nua e crua é pernicioso, se instala e vai gradativamente minando relacionamentos .
A confiança se perde quando nunca nos contam as coisas, como realmente são. O nariz vai crescendo e fica disforme que nem o do Pinóquio, que ilustra bem a moral da história.
Nos relacionamentos sociais esta é uma prática comum. Convites que não são convites, elogios falsos, frases de efeito e promessas nunca cumpridas. Raro encontrar alguém que ao ser questionado sobre algo te dê sua opinião real, sincera. Há, invariavelmente, a tentativa de não desagradar, falar o que seria melhor aceito.
Muita hipocrisia !
O pior é que a pessoa fica prisioneira da mentira e acaba até mesmo acreditando nela.
Já contei mentiras? Claro, mas nunca foi positivo. Hoje por mais difícil que seja tento ser honesta e contar a real, ou pelo menos, me esquivar da resposta. Outro dia li que ao ser questionado sobre algo, que não desejamos responder, a melhor opção é perguntar:
" Por que você gostaria de saber isto?"
Eu, geralmente, não faço perguntas invasivas, que coloquem o outro em uma situação constrangedora, exceto se tenho muita intimidade e desejo ajudar.
Há também as omissões. Não contar é mentir? De certa forma, dependendo, do que está sendo omitido, sim. Se afeta o outro, se saber algo pode mudar ou interferir na vida da outra pessoa, sim, a omissão é uma mentira.
A sinceridade absoluta não é fácil e talvez, seja até impossível porquê iriamos magoar e ferir as pessoas ou sermos magoados. Há coisas que é melhor silenciar. Uma dicotomia que precisa de nossa atenção e muito cuidado para saber dosar e utilizar com sabedoria nossa sinceridade. Uma arte a ser cultivada. A sinceridade total é, muitas vezes, pura grosseria.
Cida Guimarães
23/05/2022
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