O que é a VERDADE? Há verdades únicas, eternas, ou cada indivíduo tem sua verdade, e ela é cambiável?
Somos sempre coerentes, autênticos em nossas ações, falas, relacionamentos?
Perguntas difíceis de serem respondidas e, possivelmente, as respostas serão as mais variadas possíveis, dependendo da pessoa, seu momento de vida e adequação à sua verdade interior, origem, valores, princípios, meio cultural e educação.
Minha verdade será, sempre, pessoal, única e, talvez, para o outro não faça o menor sentido. É individual e representa o universo de cada um.
Para que um indivíduo se torne um ser humano autêntico, a realidade tem que ser seu norte. De acordo com Santo Agostinho: “verdadeiro é aquilo que é". Não usa máscaras, não tenta ser outro para agradar ou se integrar.
É real, genuíno.
É real, genuíno.
Difícil, entretanto, se despir de proteções e se mostrar inteiro. Leva-se uma vida para ir descartando, pouco a pouco, camadas e camadas de crenças limitantes. Quando há consciência delas, do que me move na vida, e que está, lá, no fundo, em minhas entranhas, guiando minhas escolhas, consigo atingir certa coerência e ser eu mesma, real, verdadeira. Preciso de muita meditação, autoconhecimento e auto-gerenciamento. Para ser coerente, minhas ações e minha fala precisam estar em harmonia, e validarem meus pensamentos e valores.
Frequentemente, quando agimos por impulso, sem avaliar o peso ou o significado de nossas palavras e ações, sem nos questionar de sua correção, acabamos sendo inadequados, contrariando nosso eu real, sendo artificiais, não autênticos. Preciso ser fiel a quem sou, minha verdade, mas com consciência que esta é particular, única e possivelmente não válida para o outro.
Há, usualmente, muita disparidade entre discurso e ação, principalmente por parte de pessoas públicas, políticos, ou quando resolvemos dar conselhos, e ditar regras, que não seguimos fielmente. É difícil confiar quando observamos as divergências e iniquidades.
Vivemos em uma sociedade de aparências, de realidade virtual, e muita exposição. As verdades desaparecem, ocultas por camadas de falsidade. Vendemos o que somos ou o que queremos que os outros pensem que somos? Difícil dizer porque nosso ego está sempre se interpondo e nos levando a acreditar na opção melhor, a que mais nos enaltece.
Fico por vezes triste e decepcionada com a falta de verdade, transparência, e honestidade nas relações. São omissões, mentiras brancas, meias verdades, que acabam por minar nosso nível de confiança no outro.
Toda relação depende de confiança, de entrega, verdade e tolerância. Para nos aceitarem, temos que saber ouvir com empatia, mesmo que a fala seja conflitante.
Acredito que a hipocrisia, as omissões/ mentiras ocorrem porque o nível de tolerância do outro é desconhecido. Não nos identificamos com seus valores e tememos o julgamento, a não aceitação.
Somente as crianças e os loucos conseguem ousar e se expor, sem receio, sem pudor. Hoje, não me preocupo tanto com a avaliação, validação externa. Resultado, talvez, de minha idade, que me permite ousar mais sem medo da crítica, que já não me paralisa.
Sempre seremos criticados e isto irá propiciar uma buscar por melhora contínua. Eu preciso ficar em paz comigo mesma. Meu questionamento e auto-avaliação têm que ser rigorosos.
Somente com muito trabalho será possível diminuir as possíveis falhas entre nossa verdade, coerência e autenticidade.
Trabalho de uma vida!
Cida Guimarães
03/10/2021
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