Quando algo de bom ou ruim acontece, em nossas vidas, temos a tendência a olhar para o fato, sem considerar todas as suas implicações. Na hora, o impacto é bom ou ruim, e ficamos eufóricos, tristes ou profundamente abalados. Somente quando a emoção se dilui, e ganhamos certo distanciamento, conseguimos olhar para as consequências, e, estas, muitas vezes, nos surpreendem.
Em todas as situações, estamos, invariavelmente, ganhando e/ou perdendo algo. Não existe só o positivo; o negativo está sempre acoplado, e vice-versa. Parece meio louco e exagerado, mas comecei a pensar em nosso desenvolvimento e evolução, e como, ao longo dos anos, vamos ganhando em conhecimento/ experiência, mas, também, perdendo nosso olhar inocente e maravilhado, nos tornando mais céticos, menos receptivos, mais desconfiados.
No processo de envelhecimento, pessoas queridas vão ficando no caminho, e também muitas capacidades vão sendo reduzidas: visão, audição, massa muscular, energia, e em muitos casos, memória e condições cerebrais. Estas perdas graduais vão nos ensinando a lidar e assimilar melhor o inevitável, sabendo, entretanto, que se estivermos atentos e buscando nosso desenvolvimento, poderemos ter ganhos exponenciais de conhecimento e sabedoria.
Nossos filhos são nossas joias preciosas, mas cada um, demanda muito em atenção e cuidado, com saúde, bem-estar físico e emocional, sucesso. Sem eles, não somos nada; com eles, há, inevitavelmente, preocupações, as mais diversas. Óbvio, que a balança pende para o positivo e há muito mais a ganhar em os ter, do que a perder. Filhos são nossa marca no mundo, e deixamos, neles, um pouco de nós. São nossa fonte de amor incondicional; um ganho inestimável.
Lembro da época em que estava na ativa, longas horas de trabalho, muitas relações, compromissos, agenda cheia, ganhando mais dinheiro, tendo reconhecimento, mas com muito pouca qualidade de vida. Sem tempo para mim ou minha família. Olho para minha jornada, analiso minhas escolhas e constato muitas perdas, mas, também, muitos ganhos, e, sei que se as perdas não houvessem ocorrido, muita coisa boa, também não teria tido lugar. Então, olho para elas agradecida, pois foram essenciais para uma mudança de rumo, para novas escolhas de vida.
Na vida somos motivados/ sabotados pelo prazer ou pela dor, ou seja, pelo que queremos atingir, ou pelo que queremos evitar; nossos sonhos ou nossos pesadelos. Ao fazermos escolhas temos que estar colocando na balança os ganhos (motivações), e as perdas (dissabores), e avaliando se teremos mais pontos positivos e/ou negativos, com a clareza de que nada é só positivo por si só /ou negativo. Tudo, sempre, tem seu reverso, e se não aceitarmos esta realidade, seremos, muito infelizes.
Se temos sucesso em nossas profissões e ganhamos muito dinheiro, ficamos escravos de horários, obrigações, etc. com liberdade reduzida. Não existe só o positivo, e isto é bom, pois nos leva a valorizar o que há/ou temos de motivação (ganhos). O negativo vem sempre a reboque. Toda vez que ganhamos algo, há uma perda inevitável. Precisamos ter consciência do que queremos, e do que estamos dispostos a abdicar. É um processo difícil, e doloroso porque estamos, quase sempre, em busca da perfeição, e esta, não existe.
Você é motivado pelo prazer ou pela dor? Quer o ganho, ou prefere evitar perdas?
Reflita e veja se neste processo você está ganhando ou perdendo mais?
É sempre possível mudar nossas escolhas, e prioridades, sendo a reflexão, e o desenvolvimento de nosso autoconhecimento, o caminho possível e mais eficaz.
Cida Guimarães
10/08/2021
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