Tolerância, do latim "tolerare", aceitar, ser aberto, condescendente às diferenças, às maneiras de ser, opiniões e atitudes contrárias. Digerir algo, reagir com tranquilidade, considerar com respeito.
Lamentavelmente, esta atitude de aceitação, de abertura para ouvir, sem julgar, tentando entender, está ausente de nosso convívio político, religioso, das mídias e de nosso trato social, e até mesmo familiar.
Os rótulos são postos com facilidade inacreditável, e uma manifestação, em relação a qualquer fato/notícia, dá lugar a uma adjetivação extremada. Não existe uma discussão de ideias, de objetivos, de planos. Tudo é muito raso, polarizado, quando todos sabemos que não existem verdades absolutas, e que as certezas são ignorantes.
O Brasil sempre foi um país preconceituoso, machista, intolerante de suas raízes raciais, de suas tradições afro-descendentes, menosprezando a capoeira, o candomblé, umbanda e vários outros ritos e costumes. A escravidão foi extinta somente no século XIX (13/05/1888), sendo o último país da América a abolir a mesma. Nosso país demorou a criminalizar a escravidão porque a economia açucareira era extremamente dependente da mão de obra escrava, ou seja, para salvar a economia, abriram mão da humanidade. Parece algo muito recente, não?
Sim, está acontecendo, hoje, com nossas comunidades indígenas, com nossos agricultores, e com nosso povo que está sendo joguete de interesses políticos e econômicos a custa de sua vida. Milhares de vidas que passaram a ser números. Uma tragédia banalizada por índices de: mortos, de infectados, de curados, etc. Não colocamos nossa energia de povo para lutar, com unidade, por vida, saúde, educação, quebra de discriminação de sexo, raça, orientação sexual.
Em nosso mundo globalizado, há uma busca por universalizar costumes, tradições, aceitando o que é similar, e descartando o que nos desafia por ser distinto. Há, entretanto, que preservar o que nos identifica como povo, raça, cultura, e que faz parte de nossa herança cultural. Aceitar diferenças, mas valorizar o que temos de único, especial.
Há culpados? Sim, todos somos. Não digo culpados, mas responsáveis pela situação que hoje vivemos, em nosso país. Cada um com sua voz, sua atitude, sua maneira de agir, suas opções, influencia outros, e vivemos, hoje, o resultado de nossas escolhas, e elas estão muito ruins. As mudanças têm que ser do individual para o coletivo. É preciso mudar!
Julgamos com uma facilidade inacreditável. Não procuramos entender ou descobrir as intenções por trás das ações. Somos implacáveis em relação aos outros, mas quanto às nossas falhas, os nossos erros? Estes, geralmente minimizamos, ou até mesmo fazemos de conta que não existem até o dia que a conta chega, E ela chega, através de situações, as mais diversas, quando, então, temos que encarar e administrar nossas dificuldades, nossos buracos negros.
Eu mesma, através de "Mindfulness" venho tentando melhorar meu nível de tolerância, que admito não é dos mais altos, quando as questões envolvem injustiças, direitos, e deveres não cumpridos. Hoje, tento apertar o botão "pausa", antes de reagir. Procuro repensar, e olhar por uma perspectiva distinta, entender o porquê das atitudes, palavras alheias.
Atualmente, está quase impossível não se indignar com ações e omissões de quem deveria estar defendendo os interesses do povo. Há, portanto, muito, ainda, que me revolta sobremaneira, pois nossa tolerância não pode ser confundida com permissividade, com aval para atitudes ignóbeis e de desrespeito à vida, e aos direitos dos cidadãos.
Você se considera tolerante, em relação a quê? O que te tira do sério?
" A tolerância é a melhor das religiões."
Victor Hugo
" A maior represália contra um inimigo é perdoá-lo. Se o perdoamos, ele morre como inimigo e renasce a nossa paz. O perdão nutre a tolerância e a sabedoria."
Augusto Cury
CidaGuimarães
06/06/2021
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