segunda-feira, 31 de maio de 2021

Qual a escala de nossa conformidade social?



Nesta postagem vamos olhar para o segmento da Psicologia Social, e todas suas implicações. 

O que é Psicologia Social?

A Psicologia Social está  no limite, entre a Psicologia e a Sociologia. Busca entender o comportamento humano no contexto social.
Serge Moscovici, psicólogo romano desenvolveu a Teoria das Representações Sociais, a partir de uma perspectiva coletiva, sem perder a individualidade. Construção que o indivíduo faz para entender o mundo.
 Floyd Allport foi o fundador da Psicologia Social, como disciplina científica. Nosso aprendizado cultural está enraizado em nós, e é aprendido ao longo de nossa vida, pelo contexto familiar, regional, e social. No Brasil  a P.S. começou a se desenvolver na década de 70.

 O que é um ser social? 
Indivíduo capaz de conviver em sociedade, respeitando suas normas e características. Nosso aprendizado sócio cultural está, inconscientemente, gravado em nós. 
Qual a importância de nossos festivais,  moda, comida, língua, arte, jogos, música, esporte?
  São vistos e têm o mesmo valor em todos os estados, em outros países? 
Estes elementos constituem parte do que somos, nossas experiências, preferências, vivências.


Em nosso meio social, aprendemos:
Noções de: cortesia (formas de cumprimentar), distanciamento, maneirismos noções de higiene beleza, liderança, família.
Conceitos de:  identidade, tempo, passado, futuro, justiça, riqueza, certo e errado; nossas atitudes em relação aos idosos, trabalho, governo, autoridades, cooperação, competitividade, animais, pecado, morte.  
Nossa visão e abordagem  em relação: crianças, religião, decisões, resolver problemas, casamento, filhos, moradia.
Nossos conceitos são válidos em nossa cultura, mas grosseiros, inadequados, inaceitáveis, em outras. Há diferentes camadas de cultura, e somente quando entendemos as diferenças e peculiaridades,  podemos ser mais tolerantes com as diferenças.
Há escalas de hipocrisia e discriminação, com  muita intolerância devido a  uma falta  de aceitação das diferenças. Geralmente as pessoas são rejeitadas/ julgadas/ classificadas, em função de:

1. Habilidades, situação financeiro/ profissional;
2. Aparência Física, atração superficial;
3. Conquistas acadêmicas e desenvolvimento social;
4. Habilidade comunicativa. Capacidade de expressão articulada.
5. Posição Social

Nossas  preferências e tolerância mudam temporalmente, podendo, quando fundamentadas em pressupostos errados, escalarem  em grau de dano. 


 
Hierarquia de  atos de discriminação e intolerância:
Atitudes Tendenciosas: quando estereotipamos, fazemos comentários insensíveis, medo de diferenças, linguagem não inclusiva, pequenas agressões;
Atos  Preconceituosos: "Bullying", epítetos, evitação social, piadas dando nomes pejorativos;
Discriminação: econômica, política, educacional, empregatícia, criminal, moradia.
Violência promovida pelo preconceito: assassinato, estrupo, agressão, ameaças.
Genocídio: ameaça ou intenção de deliberada, e sistematicamente aniquilar um povo inteiro.

 É difícil estarmos totalmente isentos de preconceitos ou de atitudes tendenciosas,  nos tornando, ou, até mesmo, sendo intolerantes em relação aos demais. Temos que lembrar da frase de Carl Jung:
 "Tudo que nos irrita nos outros pode nos levar a uma melhor compreensão de nós mesmos. "

A Psicologia Social tenta entender e achar formas de melhor nos relacionarmos com os outros.  Segundo a Teoria de Escolhas de  William Glasser há 7 hábitos, que podem ser  essenciais, ou mortais:

HÁBITOS DE SUPORTE/CUIDADO( essenciais)   versus  HÁBITOS MORTAIS

Apoiar   X   Criticar
Encorajar X Culpar                          
Ouvir  X  Reclamar 
A
ceitar  X  Ranzinzar 
C
onfiar   X  Ameaçar
Respeitar X Punir 
Aceitar diferenças  X Subornar ou recompensar 

Quando  apoiamos, encorajamos, ouvimos, respeitamos e aceitamos as diferenças, estamos criando espaço e condições para relacionamentos saudáveis,  produtivos. Os hábitos  mortais, ao contrário,  afastam,  criam um ambiente de desconfiança e temor. Bloqueio da comunicação.

Conforme a Teoria da Atribuição de Fritz Herder (1958), podemos ter 2 posições distintas:

Atribuição de Disposição:  são nossos pressupostos. Julgadora. Assumimos o pior, e já chegamos a uma conclusão. Ex. Uma aluna chega atrasada a uma aula. O professor," De  novo atrasada. É tão vagal!"

Disposição Situacional: tenta  entender/descobrir a razão, o que motivou a situação.  Ex. A aluna chegou atrasada. O professor,  "Gostaria de saber o que ocorreu".

Qual a escala de nossa conformidade social?  Você tem sua própria opinião,  ou segue a maioria?  É fácil para você expressar uma opinião que não é aceita por um grupo? 
Podemos ser inovadores ou imitadores, resistir ou ceder. 
Milgram ( 1974) explicou, baseado em seus experimentos, que as pessoas têm 2 estados de comportamento, quando em uma situação social:

1) Estado Autônomo: Dirigem suas próprias ações e aceitam a responsabilidade por seus atos;
2) Estado Agente: as pessoas deixam outras dirigirem suas ações, passando a responsabilidade para quem deu a ordem. Agem como agentes.
 Milgram acredita que as pessoas optam pelo estado agente, quando percebem que a pessoa que dá as ordens é uma autoridade ou está qualificada para tal; acreditando que a autoridade irá assumir total responsabilidade pelas consequências do ato.
Mudamos nossas crenças e comportamento em resposta à pressões reais e/ou imaginárias de grupos.  Nossa reação pode ser de:

1.CONFORMIDADE. Publicamente aceitar a visão dos demais, mas privadamente manter a  sua. É incongruente, não autêntico.
2. IDENTIFICAÇÃO. Adotar integralmente a visão do grupo social porque valorizamos fazer parte do grupo, identificação com as ideias/valores.
3. INTERNALIZAÇÃO. Se converter totalmente às visões particulares e comportamento  do grupo para ficar em sintonia com o mesmo.
4. ACEITAÇÃO INFORMATIVA. Aceitar as ideias de alguém ou de uma organização que perceba ser mais informado no tópico.

Estamos conformes com nossa situação atual em  nosso país, de modo geral?
Até que ponto devemos seguir, anuir com as normas instituídas? A sociedade depende de ser desafiada em suas tradições.  Se não houver contestação, não há crescimento.  Se não houvesse um Martin Luther King, talvez, a situação dos negros,   ainda fosse de total subjugo, sem a conquista de seus direitos civis.
Nem sempre as tradições de determinada cultura vão ao encontro dos melhores interesses dos indivíduos, e estes precisam ter liberdade para questionar e transcender estas tradições. Podem fazer isto através de sua voz, de seu posicionamento,   da esfera pública.  Hoje, há as mídias sociais.
Vale a pena ler:
" The Structural Transformation of The Public Sphere." Jurgen Habermas

Nossa autoridade é a experiência, que temos para persuadir outros. Compartilhando nossas experiências, nos relacionamos e influenciamos.

Considere estes pensamentos.  Quais concorda/discorda, e por quê?

" A cultura está acima da diferença da condição social. " Confúcio

" Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência. " Karl Marx

"A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida. " John Dewey

Reflexão:
 De que forma sua educação familiar e formal influenciaram suas predileções/ rejeições?
Há grupos, categorias de pessoas que você tem mais dificuldade de aceitar/interagir?

Pontos fortes da Psicologia Social:
Nos ajuda a entender como  nosso comportamento pode ser influenciado por outras pessoas, os papéis e situações sociais nas quais se encontram e como este pode mudar se  a situação na qual se encontram também mudar; a perspectiva social é pragmática e identifica as áreas  nas quais o comportamento humano é desenvolvido; enfatiza a capacidade humana de se modificar a qualquer momento.

Pontos Fracos:
Subestima a influência das diferenças individuais no comportamento, não explicando porque algumas pessoas diferem da norma expressa, em uma determinada situação social; é geralmente criticada por ser etnocêntrica e que a pesquisa não ocorreu através de culturas; a perspectiva não define como as praticabilidades das mudanças comportamentais, atitudinais, e cognitivas ocorrem.

Com esta postagem encerro o curso de Psicologia Moderna Aplicada que nos deu uma visão das diferentes linhas teóricas. Behaviorismo (Comportamental), Teoria Cognitiva Comportamental, Psicanálise, Analítica, Gestalt, Humanista e Social. Todas procuraram estudar o ser humano em sua psiquê, seus relacionamentos e seu desenvolvimento pessoal, e achar respostas às suas indagações e dificuldades. Há uma linha que é a certa, melhor, mais adequada?
Não, todas são importantes de se ter conhecimento e utilizar de acordo com quão apropriadas vão ser para determinada situação / cliente e principalmente, para nosso auto conhecimento e desenvolvimento pessoal. Somos seres sociais e precisamos desenvolver:

AUTO CONHECIMENTO, que só podemos adquirir se nos tornarmos, gradativamente, mais auto conscientes de nossos pensamentos, hábitos, caráter, sentimentos; 
AUTO-REGULAÇÃO. Conforme desenvolvermos nosso auto conhecimento, podemos ir pouco a pouco, nos regulando mais efetivamente;
CONSCIÊNCIA SOCIAL será decorrente  de nossa capacidade de estarmos cientes de nosso papel e podermos, então, identificar comportamentos e atitudes disfuncionais em outros;
INFLUÊNCIA SOCIAL será decorrente de nossa habilidade de efetuar mudanças sociais em decorrência de nossa auto consciência e gerenciamento.


Pessoalmente, amei a TCC, e o Humanismo, mas também sei, principalmente, devido a minha experiência como professora, que no aprendizado, há muito do Behaviorismo, ou seja, comportamentos são aprendidos por estímulos, reposta reforço, mas também do Cognitivismo, e que nunca podemos descartar teorias ou linhas de pensamento, que ajudem a entender o intricado que é o SER HUMANO. 

Educação deve levar a Liberdade de SER. SER O SEU MELHOR.

Nossa jornada começa com:

CONHECIMENTO: o que está acontecendo? Coletar as informações necessárias.  Fazer questionamentos;
ENTENDER: por que esta ideia é importante, e por que você concorda/ discorda?
CONSIDERAR: o que está ocorrendo que eu não vejo? Há informações ou ideias que não estão sendo mencionadas aqui?
REAVALIAR: qual outra forma que eu poderia interpretar esta informação caso eu não a esteja interpretando de forma correta?
APLICAR; se eu fosse ensinar a outros, que novas perspectivas ou entendimentos eu poderia  sugerir?

                                            CRIAR ALGO NOVO
 




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