quarta-feira, 11 de junho de 2025

Dia dos Namorados

12/06 -  Dia dos Namorados,  me peguei pensando no sentido da palavra "enamorado" e em quantos significados ela carrega — para quem está vivendo o amor e também para quem não está. Dessa reflexão nasceu este poema sobre o ato de amar.

Um feliz Dia dos Namorados a todos.




Amar?

É estar encantado, como se um feitiço suave tivesse tomado conta de nós.
É viver num estado de sonho, de magia, em que flutuamos e só enxergamos estrelas — com borboletas dançando dentro de nós.

É esse instante mágico
que nos faz leves, lindos, felizes.
Queremos congelar os momentos,
guardar os sentimentos, embora saibamos que tudo, como a vida, é finito.

As sensações nunca mais serão iguais, mas as lembranças — ah, as lembranças —essas se tornarão eternas em nós.

Com o tempo, as sensações mudam. A bruma que nos envolvia e pintava tudo com tintas de encantamento aos poucos se dissipa. E com ela, surgem pequenas tormentas. A realidade entra devagar, trazendo à tona facetas antes invisíveis,
ou talvez apenas ignoradas.

E então, diante do que é real,
ou decidimos permanecer, aceitar, e amar — com consciência, com os pés no chão e o coração ainda aberto — ou simplesmente…recomeçamos.


Cida Guimarães
12/06/2025

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Amor?

 



Neste mundo louco, instantâneo, temporário, descartável, de realidade virtual e inteligência artificial, onde todos estão em busca de paz, verdade, aconchego, amor — e de si mesmos —, parece que tudo isso está, ou indisponível, ou quase em extinção. Pensamos então no amor, e em como essa palavrinha, que carrega o maior dos sentimentos humanos, está tão banalizada e esvaziada de sentido.

Fala-se de amor rapidamente, sem medir o que realmente sentimos. Seria atração, desejo ou apenas carência?

Todos nós desejamos ser amados e amar. Queremos ser ouvidos, acolhidos, até paparicados. Esperamos que o outro venha preencher nossas carências, nos completar… Mas será mesmo? Dificilmente dois incompletos irão se completar, sobretudo se as necessidades forem idênticas, as expectativas variadas e a frustração iminente.

A velha metáfora dos dois pedaços da laranja, ou da busca pela "nossa metade", me parece equivocada. Acredito que precisamos estar inteiros para, assim, podermos nos doar, compartilhar, sem a expectativa da contrapartida — que, se ocorrer, será maravilhosa. Amar é doar-se, é entregar-se, sem esperar receber. Do contrário, vira negócio, mera troca.

Quando criamos expectativas em relação ao outro, pavimentamos o caminho da frustração. Muito raramente recebemos exatamente o que esperamos, ou damos o que é necessário. Sempre haverá um espaço vazio, um descompasso — um gap — que, somente quando há muito amor abnegado, pode ser aceito, compreendido e reintegrado.


Qual sua visão? Concorda? Discorda? Compartilha.



Cida  Guimarães 

28/05/25


segunda-feira, 26 de maio de 2025

Escolhas


Hoje me peguei imersa na pergunta que, talvez, esteja na raiz de toda inquietação humana: o que determina nossas escolhas?

Seriam valores introjetados, preconceitos herdados, projetos que delineamos como quem tenta impor uma ordem ao caos? Ou seriam sonhos, paixões, medos e a busca incessante por alguma forma de segurança?

 Talvez, quem sabe, uma alquimia irrepetível de tudo isso — razão, emoção, intuição, desejo de afirmação — que, em proporções indefinidas, molda cada decisão.

Tentamos, em vão, encontrar fundamentos sólidos para nossas escolhas. Mas a verdade é que jamais escolhemos com plena consciência; toda escolha carrega consigo uma névoa de incerteza. E talvez seja por isso que tememos tanto escolher: porque intuímos que, ao fazê-lo, inexoravelmente perderemos algo. E não há garantia de que o ganho compense a falta, ou que preencha o vazio que a renúncia deixará.

Cada escolha é uma perda — e um possível ganho, tão incerto quanto  a própria vida. Somos insaciáveis: queremos tudo, desejamos manter intacto o que conquistamos, como se fosse possível fixar o efêmero, aprisionar o tempo, negar o fluxo natural das coisas. Mas não somos donos de nada; tudo nos atravessa e tudo, cedo ou tarde, exige um adeus.

Urge, então, aprender a arte difícil e libertadora do desapego: deixar ir, dizer adeus, compreender que tudo é transitório. Nós mesmos — com nossos desejos, conquistas, apegos — estamos apenas de passagem. Esta travessia pode ser fértil, deixando pegadas, sementes que florescerão em outros tempos e corpos, ou pode ser apenas poeira, levada pelo vento, dissolvida no esquecimento.

Resta-nos a esperança — ou talvez o dever — de deixar um rastro: uma trilha, ainda que tênue, de aprendizado e amor. 
Do contrário, talvez nossas escolhas tenham sido apenas movimentos cegos, desvios que não souberam cumprir a sua vocação essencial: transformar, conectar, fecundar.


Cida Guimarâes 
26/05/2025

segunda-feira, 19 de maio de 2025

A Última Vista





Entre caixas, escolhas e memórias, me vi parando diante da sacada. Era só mais um dia de organização, mas de repente, aquele gesto simples — olhar para fora — ganhou um peso que não cabia em malas.

Da sacada, por tantos anos, enxerguei o mundo. A ponta da Vigia, a torre da Igreja de São Joaquim, os morros da Ferrugem, da Barra, do Rosa,   de Ibiraquera, lá no fundo, quase sempre envolta em bruma ou sol. E, entre tudo isso, a vida passando.

Quando construímos esta casa, ainda havia morros e campos. O riacho corria tranquilo ao lado, e a vegetação rasteira nos dava uma visão aberta do horizonte. 

 Lembro da brisa, dos tons do entardecer, do silêncio interrompido só por pássaros. Aos poucos, o cenário foi mudando. As casas cresceram, as árvores também. As de Emery, antes podadas com rigor, agora se impõem, frondosas, como se sempre tivessem estado ali.

E eu? Também cresci. Me transformei. O mundo mudou comigo. Hoje, despeço-me da vista que moldou meus dias, como quem se despede de um velho amigo. Não é só a paisagem que deixo, são os anos que ela testemunhou.

Logo meus olhos se acostumarão a novos contornos, novas cores. Outras janelas, outros horizontes. Mas levo comigo esta imagem, ainda que turva pelo tempo — e os sentimentos que ela carrega. Será que conseguirei guardá-los todos? Talvez não. Mas hoje, por um instante, tento.



Cida Guimarães
20/05/2025

domingo, 18 de maio de 2025

TEMPO!




Tanto já se disse sobre esse nosso companheiro — ao mesmo tempo amigo fiel e inimigo implacável. Ele ajuda, mas também prejudica. Sempre presente está a eterna dicotomia entre o bem e o mal. Um não existe sem o outro, e é preciso encontrar um dentro do outro.

O tempo nos melhora e nos desgasta. Ele nos faz lembrar tudo que foi marcante em nossas vidas — talvez suavizando as memórias mais dolorosas, tornando-as suportáveis, e embelezando ainda mais aquelas que foram sublimes. Mas há também muito que se esvai, tornando-se lembrança diáfana, meros borrões do que foi vivido. É o tempo apagando o que não foi relevante, o que merece ser adormecido.

Aprimoramos nossa essência enquanto nossa aparência se deteriora — talvez como lembrete de que o que importa é o conteúdo, não o brilho da embalagem, que um dia se desfará, voltando ao pó.

Então, será o tempo nosso herói ou nosso vilão? Creio que todo herói tem algo de vilão, e todo vilão, algo de herói. Nossos dois lados - claro e escuro.  É preciso aceitar e lidar com ambos, pois é nesse equilíbrio que crescemos e nos tornamos um pouco melhores a cada dia.

Tempo, tempo... obrigada por me dar mais tempo!



E você, como lida com o tempo? Te angustia a passagem do mesmo? Compartilha. 




Cida Guimarâes 
18/05/25

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Na Beira do Último Ciclo



Tantas incertezas, inseguranças e ansiedades se misturam, se retroalimentam e me viram do avesso. Sigo, no entanto, em meio a mil decisões, num caos ao redor que me faz questionar: por que temos essa necessidade de beleza, conforto, ordem e organização, se é justamente no caos que nos despimos e enxergamos nossas carências, nossas verdades, nossos medos e anseios?

Sim, aquela máxima de que é preciso chegar ao fundo do poço para então subir e ver a luz tem seu fundamento.

Hoje, após muitas lutas, perdas, dores e difícil aprendizado, estou prestes a iniciar uma nova fase — um novo ciclo — e, certamente, o último. Isso não me causa temor, mas me faz olhar para minhas próximas escolhas com um misto de apreensão e excitação. Já não tenho tempo para errar ou experimentar. Esta é a etapa final, e nela quero viver com plenitude tudo o que habita e agita meu ser.

Sinto que minha missão é compartilhar meus aprendizados, meus sentimentos, e ajudar, dessa forma, outros a lidarem com seus "monstrinhos" interiores.
Ainda tenho muitas histórias a contar...

Porque enquanto houver vida, haverá caos — e no caos, sempre uma nova chance de se encontrar.


Cida Guimarães
16/05/25



sexta-feira, 9 de maio de 2025

Caixas , Ciclos e Desapegos





Como é difícil largar o que nos é familiar. Aquilo que se encaixa nos nossos dias como uma peça antiga, já gasta, mas perfeitamente moldada ao nosso jeito de ser. O hábito, esse escultor silencioso da rotina, vai nos prendendo — e quando percebemos, já estamos amarrados por laços invisíveis ao que antes era apenas um costume.

É duro fechar ciclos. Ainda mais quando eles duraram tanto que quase se confundem com a própria vida. Descartar o velho, o que já não tem mais serventia, parece simples na teoria. Mas há sempre um fio emocional entre o objeto e a memória, entre o espaço e a história vivida ali. Ficamos presos à constância como se ela fosse salvação, esquecendo que tudo, absolutamente tudo, é transitório.

A impermanência me visitou muitas vezes — nas perdas que vivi, nos abraços que se desfizeram no tempo. Foi aí que entendi: não somos donos de nada. Nem das coisas, nem das pessoas, nem dos sentimentos. Somos, no máximo, cuidadores temporários de tudo aquilo que nos atravessa.

E agora, no meio de caixas, plástico bolha e fita adesiva, essa verdade ganha forma concreta. Estou separando o que fica, o que vai, o que já cumpriu seu papel. Cada escolha carrega um pequeno luto. Vender a Emery foi uma decisão consciente, madura. Mas não sem dor. Porque ela não era só um lugar. Era uma extensão de mim. Ali, por 24 anos, deixei pedacinhos da minha história: as plantas que vi crescer, os clientes que se tornaram amigos, as funções que me definiram por tanto tempo.

Despedir-se de um espaço é, também, despedir-se de uma versão de si. E mudar, nesse contexto, é mais do que trocar de endereço — é reconstruir-se sobre novas bases, é olhar para dentro e tentar entender quem se é agora, sem as molduras de antes.

Neste momento, sou um liquidificador em funcionamento: sentimentos, memórias, decisões — tudo agitado, sem forma definida. Mas há algo de fértil nesse caos. Porque do turbilhão nasce o recomeço. E talvez, quem sabe, um novo propósito esteja justamente nesse ponto de partida.

Cida Guimarães
10/05/25

domingo, 27 de abril de 2025

Refletindo...



Vida que segue, vida que muda e nos leva a refletir sobre o que vivemos, conquistamos, perdemos, sofremos e aprendemos.
 Houve um pouco de tudo: momentos, conquistas e encontros lindos e surpreendentes, cuja lembrança aquece meus dias; momentos neutros e rotineiros; e ainda aqueles que rasgaram minha alma e levaram consigo pedaços de mim.

Quem sou eu hoje? Uma mistura de tudo o que já fui um dia, desconstruída de muito do que já pensei e acreditei, e reconstruída por outros sentires e pensares.
Melhor? Em muitos sentidos, sim: mais espiritualizada, mais destituída de preconceitos e verdades absolutas; mas também menos crédula, menos romântica, mais pé no chão e cética quanto a amores e amizades totalmente desinteressados e altruístas.

Lamentavelmente, ao longo da vida, fui constatando que há sempre um interesse ligando ou desligando relações — sejam elas de trabalho, amizade ou familiares — e que nós, seres humanos, pensamos, sempre, primeiro em nós mesmos: nossos interesses e prazeres. O outro é, muitas vezes, apenas o outro, que iremos contemplar ou não, dependendo da nossa conveniência.
Cínico? Sim, bastante. Triste? Também. Mas real, numa sociedade individualista, egoísta e regida por valores materialistas. E o que fazer?

Seguir tentando dar e ser o melhor de mim a cada dia — falhando, aprendendo e vivendo —, na consciência de que a vida é feita de impermanência, de perdas e de encontros passageiros. No fim, talvez a grande sabedoria esteja em aceitar que somos apenas viajantes temporários neste mundo, buscando sentido em meio à beleza e à fragilidade de existir.



Cida Guimarâes 

27/05/25

segunda-feira, 14 de abril de 2025

Memórias






Memórias


Nos ocupam, nos assaltam, constroem e desconstroem.
O que seríamos sem elas?
Páginas em branco — sem histórias, sem aprendizados, sem amores e sem rancores.

Sim, deve ser muito triste perdermos nossas memórias.
Há o benefício de esquecer tragédias,
mas junto a elas também se vão nossas vitórias.

Eis novamente a eterna dicotomia:
nossa incapacidade de manter apenas um lado da equação.
Gostaríamos de reter apenas o que foi belo —
mas é impossível.

E talvez isso aconteça justamente para nos lembrar do outro lado,
para não nos deixar esquecer que, na próxima curva,
seu oposto pode estar à espreita, pronto para nos engolir.



Cida Guimarães
15/04/25

domingo, 13 de abril de 2025

ESCOLHAS?



 Decisões. Indecisões. Tanto a pensar, meditar e, finalmente, escolher...

Quando estamos dentro de um turbilhão de emoções e precisamos manter a tranquilidade para decidir de forma racional e equilibrada — sem permitir que o emocional tome a frente e nos conduza —, sentimos como se estivéssemos atolados. Somos razão e emoção, mas quando essas duas forças se enfrentam, o conflito interno dificulta qualquer isenção, tornando difícil fazer escolhas conscientes.

Escolher, na verdade, é sempre um desafio. Não há como obter somente ganhos — toda escolha traz perdas inevitáveis. E perder é algo que evitamos a qualquer custo, especialmente quando se trata daquilo a que nos acostumamos, do que parece já fazer parte de quem somos. Criamos laços de pertencimento.

Eu, meu Deus, tenho vivido muitas perdas. Sei que tudo o que é material é transitório, finito. Mas, numa tentativa quase insana de compensar, me vejo oscilando entre o impulso de largar e o desejo de reter; entre ir ou ficar; entre acreditar ou duvidar...

A vida exige atitude, ação. E então, após meus duelos interiores, escolho, ajo — e procuro não mais pensar se foi ou não a melhor decisão. Existe uma decisão realmente “melhor"? Tudo depende do nosso lugar no mundo, das nossas prioridades e vivências. É preciso seguir, confiar, e — uma vez feita a escolha — não olhar para trás.

Vida que segue.

Lá na frente, sempre haverá a chance de escolher de novo — de modo diferente, se for preciso.

Cida Guimarães 
14/04/25

sábado, 12 de abril de 2025

Meu Aniversârio!


Envelhecer? Só se for de espírito. Porque o resto... tá firme (ou quase)!

Hoje me peguei pensando no tempo.
Na verdade, ele é quem vive me cutucando, como quem diz: “Olha só onde você chegou!” Pois bem: cheguei. E, sinceramente? Cheguei bem.

Eu, hoje, mais velha...
Engraçado: não sinto o peso de tantas décadas,  tampouco me sinto velha. Talvez me sinta até  mais jovem do que em alguns períodos da minha vida— quando, de fato, ainda o era.

Dizem que idade é só um número — e é verdade. Para alguns, um número pesado, significativo. Para outros, irrelevante.
A idade não revela nosso espírito, nossa energia, nossos desejos. Talvez só indique que houve uma longa caminhada até aqui.

Aceito com alegria os parabéns — e eu mesma me celebro!
Celebro por estar aqui, por todas as passagens dolorosas  (que me esfolaram, mas me ensinaram), e por aquelas deliciosas (que me aqueceram a alma).
Celebro pelas perdas, pelas conquistas, pelos tropeços  e pelas danças que a vida me fez improvisar.

Hoje, não conto anos — conto histórias.
E que bom ainda estar aqui, inteira... ou quase. Já não tenho a elasticidade de antes, mas continuo  dando nó em muita coisa — e em gente também, se precisar!

Se isso é envelhecer, então que venham mais décadas. Só não me venham com essa de “melhor idade”.
Melhor, sim — mas porque finalmente aprendi a não dar a mínima.

Cida Guimarães
12/04/25

segunda-feira, 24 de março de 2025

Filho amado 20/03/25





Hoje, 20 de março, seria o teu aniversário de 57 anos.  Lembro-me da imensa alegria que senti ao ter a certeza de que estavas a caminho—um sentimento indescritível, uma felicidade sem tamanho. Hoje, resta uma saudade imensa e dolorosa, que só cresce com o tempo.

Lembro da tua infância,  menino arteiro, vivo, mas adorável. Da tua adolescência… e de todos os demais 56 anos da tua vida.

Houve conquistas, alegrias, mas também  recorrentes batalhas, tristezas e perdas. E tu tinhas tudo, meu filho amado, para construir uma linda trajetória. Brilhante, superinteligente, uma criança amorosa.  A vida foi te transformando, e foste perdendo a alegria, o otimismo, o olhar leve e a capacidade de ouvir e aceitar — ou pelo menos tentar entender — posições distintas das tuas.

Depois veio esta doença, que tanto te maltratou e acabou te levando quando o sofrimento já era insuportável.

Lutaste muito, foste um guerreiro e conseguiste vencer muitas batalhas contra esta doença incapacitante e também contra teus demônios, que te escravizavam às coisas terrestres, e que, agora,  ficaram todas para trás.

É com uma tristeza infinita que tudo isso me atravessa, deixando feridas abertas e sangrentas.

És eterno em mim — no meu amor, em tudo de bom e de ruim que compartilhamos, nas histórias que vivemos, nos sonhos não vividos e não realizados.

Enfim… onde quer que estejas, meu amado, que estejas em paz,  cercado de amor,  na luz de Cristo.

Cida Guimarâes 

20/03/25


segunda-feira, 10 de março de 2025

O Momento!

 



Pensando na vida, nas pessoas que vamos perdendo ao longo do caminho e em como nossa estrada é, na realidade, solitária, lembrei da frase de Greta Garbo: "Leave me alone" — deixem-me só.

Sim, há momentos em que precisamos estar sós. Eu, particularmente, gosto e necessito desses instantes para estar comigo mesma, me reencontrar, dialogar com minhas duas vozes contraditórias e buscar respostas.

Muitas vezes, estamos rodeados de pessoas, cercados até por aqueles que nos são mais próximos, e ainda assim sentimos uma solidão profunda, pois não há conexão real. Não vou mentir: há momentos de extrema carência, de um desejo intenso de compartilhar dúvidas, sonhos, fragilidades... De ter alguém para abraçar, beijar, fazer amor. Sim, claro. Mas não é qualquer presença que basta — precisa ser um encontro verdadeiro, um lugar onde me sinta em casa. Quero alguém que me aceite como sou, com quem eu possa me desnudar sem medo, sem me sentir julgada ou restringida. Será pedir muito? Talvez. Afinal, para receber na mesma medida, eu também precisaria entregar — e será que sou capaz de amar sem reservas, sem tentar mudar o outro?

Sempre buscamos a perfeição, mas ela não existe — nem em nós, nem nos outros, nem na vida. E, talvez, por querermos tanto, acabemos com pouco, ou quase nada.

Neste estágio da vida, onde já vivi um pouco de quase tudo, percebo que o que mais preciso é paz. Um encontro genuíno com meu eu interior. Aceitação. Gratidão. Pela vida, pelas dádivas que recebi, pelas mudanças que o tempo impôs e pelas perdas inevitáveis. Tudo é finito — nós, as relações, os momentos. O que nos resta é viver o agora, apreciar o instante, simplesmente ser.

Carpe Diem.

Cida Guimarães
10/03/2025


sábado, 8 de março de 2025

SER MULHER!



Caminhando nesta manhã, que parece ter saído de um filme em três dimensões, com efeitos extraterrestres, onde as brumas se misturam às nuvens e às ondas do mar, sinto uma imensa gratidão por estar presenciando e vivendo este dia fantástico, em que celebramos o ser mulher.

Sim, sou mulher e estou feliz com minha condição feminina. Se eu voltar – ou quando voltar –, desejarei ser novamente mulher. Me reconheço em minhas características, que são preponderantemente femininas... Ou será que estou sendo feminista?

O que é ser mulher para mim? É ser feminina e masculina quando necessário. É ser gentil, mas forte. doce, mas também amarga. É ser de tudo um pouco. Não é ser santa nem ser pecadora, mas ter a liberdade de transitar entre todas as versões de mim mesma, com consciência da minha força e da minha fragilidade — e sem medo de ser quem sou.

Muito mudou ao longo do tempo. Hoje, características e atitudes que antes eram atribuídas a cada sexo já estão misturadas. Mas há diferenças e, a meu ver, a mulher sempre se permitirá ser mais sensível, emotiva, multissensorial e também multitarefa do que os homens. Não sei definir exatamente por quê, mas meu lado mulher – e mãe, fonte de vida – sempre falará mais alto.

Como é ser mulher para você?

 FELIZ DIA DAS MULHERES!


Cida Guimarães 

08/03/2025

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Amor? Como definir?


O que é o amor? Uma sensação que envolve, um desejo de estar  junto, de ter e reter o outro? Um anseio de possuir algo ou alguém? Quando ouvimos um "Te amo", quais pensamentos nos invadem?

Talvez o primeiro seja a ideia de que a pessoa se importa conosco. "Ela pensa em mim, eu tenho um lugar na vida dela." Depois, refletimos sobre o desejo de estar junto, compartilhar sonhos, dividir pensamentos, problemas, buscar soluções. Enfim, alguém para partilhar nossa vida.

Acredito que cada um tem uma percepção distinta do amor, baseada no que espera e no que tem a oferecer. Tenho ouvido tantos "Eu te amo" e me pergunto: o amor se banalizou? Será que quem diz essas palavras compreende sua profundidade e os múltiplos significados que carrega? 
Ou as diz apenas para obter atenção e cuidado? Afinal, no amor, queremos mais dar ou receber?

Queremos receber, mas, como bem diz o ditado popular: 'É dando que se recebe. Será que realmente acreditamos nesse ditado quando isso não se concretiza?

Sabemos que nos sentimos felizes e completos quando distribuímos amor e carinho, quando fazemos um favor ou praticamos uma gentileza. Amar é, portanto, doação, entrega e cuidado. É querer o bem do outro.

Você concorda? Qual sua visão  de amor?  Compartilhe. Opine.

Cida Guimarães 
21/02/25

domingo, 9 de fevereiro de 2025

O IMAGINÁRIO!

    E SE?


E se eu pudesse voltar no tempo, fazer escolhas diferentes—o resultado realmente mudaria?

Somos sempre assombrados pelos "e se". Só a possibilidade surreal de reescrever nossa história desperta um novo entusiasmo, como se nossa própria essência fosse recarregada por meras possibilidades. Nos deixamos levar por alternativas imaginadas, pelo pensamento de recomeçar e seguir outro caminho.

Quais seriam os resultados?

Por que questionamos tudo o tempo todo? Nunca estamos completamente satisfeitos com nossa realidade, sempre flutuando em direção aos infinitos "ses" que moldam nossas vidas.

E se eu tivesse nascido menino em vez de menina?
E se eu tivesse chegado em outra década, outro país, outro corpo?
E se eu tivesse sido abençoada com genialidade—ou amaldiçoada com ignorância?

Meus pensamentos seriam os mesmos? Meus sonhos teriam outra forma? Eu amaria as mesmas pessoas, perseguiria os mesmos desejos ou sentiria as mesmas saudades no peito?

Essas perguntas pairam no ar, sussurrando incertezas, me atraindo para um labirinto de possibilidades. Minha mente vagueia por versões paralelas de mim mesma, traçando caminhos não percorridos, pintando vidas alternativas em tons vívidos e inalcançáveis.

Eu seria mais feliz? Sofreria mais? Ou, de alguma forma, acabaria chegando exatamente ao mesmo lugar?

Tantos "ses", tantas dúvidas—tão poucas certezas. E, ainda assim, talvez seja justamente essa incerteza que nos mantém sonhando, seguindo em frente, imaginando o que poderia ser, mesmo enquanto vivemos com o que é.

Cida Guimarães
10/02/25

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Homens X Mulheres ou Homens e Mulheres?



Minha experiência na web, interagindo com meus seguidores — a grande maioria homens, viúvos ou divorciados, em busca de uma companheira de vida e mãe para seus filhos órfãos — levou-me a pesquisar como e por que os homens buscam um novo casamento, como forma de lidar com a solidão.

É evidente que, entre eles, há também muitos oportunistas, "scammers", perfis falsos, etc. Com o tempo, tornei-me perita em identificá-los rapidamente. A maioria desses perfis está localizada em regiões distantes, frequentemente em zonas de conflito, alegando não poder fazer vídeo chamadas. Seus textos são repletos de chavões e histórias de vida dramáticas, além de apresentarem erros gramaticais e pouca coerência. Muitos desses homens declaram amor instantâneo e acreditam que, ao fazer algumas perguntas sobre preferências, conseguem estabelecer compatibilidades suficientes para um casamento bem-sucedido.

O curioso é que esses viúvos são minoria. Pesquisando sobre o assunto, descobri que 80% das pessoas viúvas são mulheres. Incrível, não? A maioria das minhas amigas e ex-colegas está viúva e permanece sozinha. Segundo as pesquisas, há quase cinco mulheres viúvas para cada homem. Sim a pesquisa indica que as mulheres vivem mais. A expectativa de vida das mulheres é maior.

Isto tem um lado positivo pois as mulheres estão melhor preparadas a viverem sós. Os homens, em geral, não lidam bem com a solidão. Muitos buscam rapidamente uma nova companheira, e aqueles que não encontram, frequentemente, acabam adoecendo ou até falecendo em pouco tempo. Isso se explica, em parte, pelo fato de as mulheres viverem, em média, de cinco a sete anos a mais do que os homens. No passado, era comum os maridos serem mais velhos que suas esposas, além de haver maior aceitação social para casamentos com diferença de idade, quando o homem era mais velho.

Isso nos leva a refletir sobre a igualdade entre os sexos. Podemos realmente falar em igualdade quando há tantas diferenças biológicas e comportamentais? Para mim, a busca deveria ser por direitos e condições que nos permitam existir e atuar como seres humanos completos e autônomos, sem que precisemos estabelecer paralelos com os homens, já que somos tão distintos.

Agora, sobre a questão da solidão. Acredito que muitas mulheres gostariam de ter um companheiro, mas não para preencher um vazio ou completar suas vidas. O desejo é encontrar alguém para amar, compartilhar momentos, ideias e pensamentos, sem que isso comprometa sua independência e autonomia. Não queremos mais ser apenas donas de casa, mães ou esposas, mas sim indivíduos plenos, com todas as nossas características e possibilidades.

Os homens, por outro lado, parecem precisar de uma companheira que os complete, os ajude a criar seus filhos, lhes ofereça carinho e atenção. Eles ainda vivem a ilusão da "metade da laranja". No entanto, não existem metades. Existem pessoas inteiras que podem conviver, desde que haja respeito e tolerância às inevitáveis diferenças.

Fatos:

Mulheres lidam melhor com a solidão. Quando adoecem, conseguem se virar sozinhas. Expressam melhor seus sentimentos, buscam autoconhecimento e reconhecem suas carências e dores. São multitarefas.

Homens, por sua vez, precisam de companhia e de alguém que cuide de suas dores. São mais fechados, têm dificuldade em lidar com seus sentimentos e, geralmente, precisam focar em uma coisa de cada vez.

Que homens e mulheres possam viver e conviver melhor, valorizando suas diferenças e permitindo que elas se complementem para tornar a vida mais rica e equilibrada.
 
Qual sua visão? Você acha que existe uma metade sua que você precisa encontrar ou somente alguém que some? Compartilhe!


Cida Guimarães
29/01/25





 


terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Fala Interna!

 



Hoje estou muito, muito triste. De repente é como se todas as tristezas, mágoas, dor, viessem como uma tempestade,  engolfando-me... choro meus amados, que se foram, choro as perdas,  as ausências, as carências, eu mesma... 
  ,
Estranho que parece que eu estava anestesiada por toda a dor, que eu vinha presenciando e  sentindo; os acontecimentos pareciam um filme, no qual eu era uma espectadora. Estão gravados em  mim, mas só agora consigo ter sua dimensão  exata. É preciso ir até o fundo, reviver momentos, esgotar os sentimentos. Será que conseguimos,  realmente, ou só os reciclamos, até que  um dia fiquem adormecidos em nós?

Quando parece que consegui organizar minhas gavetas,  desfazendo-me do que já não me serve mais, um determinado lugar, fala, música, comida, cheiro; enfim, um pequeno e casual ato, trás de volta uma avalanche de lembranças, que me inundam e balançam minha tão batalhada paz.

Viver é esta eterna luta entre o hoje, nossa realidade- o momento presente, nossas vivências passadas e nossas expectativas futuras. Encontrar o equilíbrio, buscando aterrar no presente, sem esquecer as duras lições que enfrentamos e sem perder a fé, a doçura e a certeza  que ainda temos o que construir e que vale a pena persistir, é nossa batalha diária.

Acredito que quase todos enfrentam momentos assim. É continuar, batalhar, tentar, a cada dia, conhecer-nos melhor e poder fazer escolhas conscientes.  Seguir, como diz  Gilberto Gil, com fé!

 Dê sua visão, compartilhe . É, na troca que crescemos, compreendemos melhor a nós mesmos e aos demais.

Cida Guimarães
27/01/2025

sábado, 4 de janeiro de 2025

SENTIMENTOS!



Sentindo-me como um galho  solitário, o único restante, de uma árvore, quase seca. Perdeu, ao longo dos anos, seus outros três galhos maiores e alguns menores. O tronco da árvore permanece vivo em mim, e tento me alimentar com os nutrientes, que me deu, mas  sinto-me  vazia, oca. É uma sensação ruim e triste!

Este sentimento decorre do fato que, hoje, perdi meu último irmão ainda vivo, o mais novo, antes de mim. Deu seu último suspiro, de madrugada. Parada cardíaca. Foram 15 dias internado, e seus órgãos vitais já estavam em falência.

Em meu último contato com ele,  dia  26/12, me disse que queria sair dali (UTI), ir para casa, que não queria morrer no hospital. Falei que o amava e ele me disse que também me amava.  Foi bom ouvir já que não acreditava muito nisto.

 Nunca fomos próximos, e tivemos algumas rusgas. Não trocávamos confidências e quase não nos falávamos. Em criança, lembro de uma vez que bravo comigo, eu era bem implicante, naquela época, me deu um soco, que arrancou um dente de leite, que já estava quase caindo. Fiz um escândalo  e meus dois outros irmãos queriam bater nele. Correu e subiu na árvore mais alta, de nosso pátio,  e ali ficou  por longo tempo até o Laerthe e o Zé, saírem dali pois  os dois diziam que iam lhe pegar, se descesse.

Quando eu era uma pré-adolescente,  com 10 e  ele com 17, ficamos doentes do pulmão, ao mesmo tempo. Naquela época, antes de um novo ano letivo, éramos obrigados a fazer um raio X do pulmão  e ambos acusaram problemas.  Meu era só a pleura, do Claudio era tuberculose, mesmo. Juntos e por um ano ficamos, em quartos separados, com uma dieta rica,  lendo, ele Tarzan e eu Delly e  cobrando nossos pais por cada injeção de penicilina, que tomávamos,  a cada dia.  É, nos anos  50,  a tuberculose matava e era ainda de difícil tratamento, havendo forte preconceito, como hoje há em relação à outras doenças, ainda incuráveis. 

Depois, quando eu já  adolescente, íamos juntos a  bailes (as festas ou baladas de hoje). Minhas netas morrem de rir quando eu falo baile e outras palavras que já não fazem parte do vocabulário atual. 
 Ele me vigiando, e às vezes me falando de seus  "crushes", ou tendo  suas crises existenciais. Era um eterno apaixonado, sofredor e talvez, muito ingênuo, mas autêntico, verdadeiro. em sua forma de ser. Sofria com as criticas dos irmãos mais velhos,  que não o levavam muito a sério, e cobravam que fosse diferente. Por que não aceitamos as pessoas como elas são? Por que há que comparar?  Lembranças que hoje vem a mente. Que bom que tenho o que recordar, e que ficará eterno  em minhas recordações.

Quando penso que só restou eu, que minha família  tronco, foi-se, e que há 17 dias perdi um broto de meu galho, parte essencial de mim, sinto-me como um galho perdido, de uma árvore meio torta, meio vergastada.

Será que estão  reunidos colocando o papo em dia? Será que meus pais, irmãos, sobrinho, e até meu filho querido, estão dando dicas e  ajudando-o a adaptar-se a seu novo estado, nova realidade? Muitas indagações! Muitos sentimentos! Muita tristeza!


Cida Guimarães
04/01/25

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

TRAVADA ?




E  de repente, travei, faltou coragem. Aguardei na fila por mais de 40 minutos para na hora H, me acovardar. 

 Apreensão, insegurança,  não sei definir. Estava na espera para embarcar, quando li, em um cartaz, que pessoas, com problemas cardíacos, dores nas costas, problemas psicológicos, claustrofóbicas, não deveriam andar no trenó. Já havia guardado minha bolsa em um "locker" e estava  para pegar o próximo trenó,  mas sentia-me indecisa, considerando que quase todas as condições proibitivas e, talvez, até todas,  aplicavam-se a mim  já que, ultimamente, andava um tanto abalada psicologicamente. O fato é que desisti. Sai  pela lateral e nem deram-se conta. Eu, bah, eu fiquei mal, comigo mesma. Oi Cida, qual é? Por que? 

Medo? Não, não foi medo do aparelho em si, do trenó do Alpen Park em Canela.  Andei nele, há anos atrás, com o Juan, e amei. Fiquei, sim,  temerosa de como eu poderia me sentir e como isto poderia ter implicações nos demais. Se eu ficasse tonta, se sufocasse, não conseguisse travar,  se eu acelerasse  demais e batesse no trenó da frente? Enfim, em segundos, minha  mente fez mil elucubrações.

Que seres complexos somos! O que guia nossas escolhas, nossas fugas? 

 Até agora,  não consegui racionalizar. Sou uma pessoa que enfrenta e até gosta de desafios.  Hoje, entretanto, não sei se atribuo a uma indisposição geral ou uma sensibilidade aflorada devido  a tudo  que vivi, nestes últimos  meses. Travei! Fugi!
Logo no 01 dia, de um novo ano,  fujo de uma experiência, que eu queria reviver, apesar de eu não ser a mesma de anos atrás, e as condições serem também  distintas. Talvez, por isto mesmo. Sou outra, e, neste momento, meio perdida  de mim.


CIDA GUIMARÃES 
01/01/25

Comente. Dê sua visão. Já fugiste de algo que querias muito? Sabes por que?